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Lua de Odin

Três mouras-fadas dançam na clareira de seu bosque, noitentrando, eclipse no horizonte. Cirandam em volta do Carvalho-mãe invocando Odin, sábio bardo das runas de Anam Cara, verdadeiro Amigo da Alma celta. Hugin e Munin, dois corvos,  rasantes despontam no terreiro a atestar que Odin, rei dos deuses, pronta escuta lá de seu palácio de Valaskjálf, em Asgard, tendo sido invocado em efeméride assim tão oportuna e conforme o rigor que o rito pede, já se faz presente, ele está no meio delas! Os lobos em noturníssono uivam ao longe, eclipsencantados. Festejam a chegada do Grande Pai de todas as Walkírias, Senhor da Magia e do Hidromel da Poesia, Deus das Guerras e dos Mortos, Mestre dos Disfarces, conhecedor de todos os futuros. Sim, o eclipse fora a porta por onde entrara o Bardo visionário.

As mouras se curvam diante dele. A noitelemental estava conjurada! A feiticeira fada-mãe adianta-se e se prostra em reverência; e deposita os votos aos pés de Odin, que os recebe de bom agrado. Abrindo a mão esquerda, ele faz dela cair três pedras sobre o altar bucólico. Walkírias se fazem fugidias e translúcidas, são vistas ali silentes, em guarda no local. Odin Profeta, um dos olhos escavados, girando sobre si esmo, gera um forte torvelinho… e nele se faz arrebatar, desaparecendo em seu mistério, acompanhado das Walkírias. As mouras correm então ao altar a fim de verinterpretar o agouro tatuado nas três runas daquela fantástica Lua de Odin, a esta hora já liberta do eclipse:

Runas de Odin

Runas de Odin

LUA DE ODIN

Três Mouras da floresta cirandavam
sob o eclipse da Lua enfeitiçado;
ao guizo dos pandeiros, fogo armado,
dançavam à rabeca e conjuravam.

As Mouras indagavam ao sábio Bardo,
a Odin, às suas Runas perguntavam,
e as três, indo ao oráculo, sorteavam:
Gebo entre Wunjo e Jera! …  eram ar do

futuro a lhes sorrir, trina concórdia!
Pois, Gebo é sempre fértil e mais ativo
se Wunjo em seu amor  se entrega a Jera.

E ao desfazer-se o eclipse, Odin votivo,
guardado em seu Mistério de alma nórdica,
voltava para Asgard a ver quimera!

Paulo Urban, Sonetista do Aquarismo
decassílabos heróicos escritos
durante o eclipse de 16 de agosto, MMVIII

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