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Tece, Mede, Corta

TECE, MEDE, CORTA

As Moiras são as Parcas são as Normas(1) ,
desfiam esse fio chamado vida;
são três velhas senhoras, ditam a lida,
conhecem do Destino as suas formas.

Tece Cloto(2), a fiandeira; já a medida
é Átropos(3) quem dá, que assim conforma
o Tempo que nos cabe sem reforma,
cortado então por Láquesis(4), em seguida.

Por isso cada qual tem seu tamanho,
somos velas com seu quinhão de cera
acesas à primeira inspiração;

E assim queimamos nossa vida efêmera…
e nada do que é humano será estranho
até o extinguir da chama e coração.

Alan Rodrigues de Carvalho
3/IX/2017 – decassílabos heroicos

‘As Moiras, com o fio dourado da vida’, por John M. Strudwick, 1885

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Notas (por Paulo Urban):

[1] Moiras, deusas gregas do Destino; são chamadas Parcas pelos romanos e ainda conhecidas como Normas na mitologia nórdica.

[2] Cloto: em grego, do verbo ‘Klothéin’, a dizer: ‘fiar, tecer’.

[3] Átropos: do grego ‘a + tropos’, no sentido de ‘sem tropismo’, ‘sem direção’, ‘sem volta’, a dar ideia de que a partir de sua dada medida nada mais se segue.

[4] Láquesis: em grego, do verbo ‘Lankhanein’, no sentido de ‘podar, cortar’, de onde se deriva em português o termo técnico ‘laqueadura’ (de vasos, das trompas etc…)

Aos que quiserem aprofundar o tema, sugerimos a leitura de “Entre o Arbítrio e o Destino”.

Para conhecer outros trabalhos do poeta Alan Rodrigues de Carvalho, visite: Luz-Sombra & Delírio.

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