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Merecebimento

Sim, somos todos heróis da própria jornada, mas isso nada tem a ver com revolucionar o mundo, salvar o planeta de ameaças alienígenas, ou sair voando por aí com uma capa azul amarrada às costas; menos ainda devemos crer que a salvação de nossas almas dependa de ações mirabolantes e megalomaníacas de deuses ou heróis que venham de fora. Isto porque a grande ação a que deve dedicar-se o verdadeiro herói não é outra senão aquela que se opera no silêncio e no anonimato de seu próprio coração, e seu maior poder está em nos tornar mais felizes e prontos para tudo aquilo que devemos enfrentar ao longo de nosso individual caminho.

Pois será assim, conquanto caminhamos pela estrada missionária, palmilhando-a de suor e lágrimas, que nos abrimos a vivenciar as situações pelas quais devemos obrigatoriamente passar nesta vida, indo de encontro aos arquétipos que guardam essencial respeito à nossa pessoal mitologia, os únicos a propósito que poderão nos transformar de modo intrínseco e verdadeiramente. Sem que pudéssemos vivenciar nossa mitologia pessoal, nada seríamos senão autômatos a cruzar estradas sem nome nem destino, meros barcos fantasmas à deriva nos mares oceânicos, falidos robôs sem propósito computando a esterilidade de dias e noites sem sentido nem beleza, sem mérito ou poesia, enfim, sem nada daquilo de sagrado que nos ensina a perceber o quanto os mitos colaboram para que sejamos mais felizes e humanos a cada passo em sacrifício no caminho da existência.

Cada um que busque, pois, pela mitologia que lhe diz essencial respeito, é ela a verdadeira chave da transformação anímica.

Palestra “Psicoterapia do Encantamento, seu símbolo e seus arquétipos”, proferida na Casa de Cultura de Kopenhagen, Dinamarca, em 16 de março de 2012, por ocasião de um ciclo de palestras e vivências que ministramos nestas abençoadas terras de Odin. (Foto de Ana Paula Urban)

MERECEBIMENTO

A fim de receber a Luz do espírito
carece o corpo estar bem preparado,
mister que os pés estejam aterrados
na densa realidade, céu finito.

Pois, quando por divino Pai tocado,
desperto se descobre o filho implícito,
seu foco então será viver seu mito,
cumprir de sua nau destino e fados.

Que assim se entregam as almas missionárias
à eterna vigilância desde o início,
buscando realizar sua Missão;

Se ao Cálice do Pai dão o coração,
à humanidade legam o Sacro-ofício
ao custo de suas Obras libertárias!

Paulo Urban
Decassílabos heroicos
24 de dezembro, MMXIII

2 Comments

  1. Suprema honra, raro privilégio ler tal conteúdo sob a batuta da prosa e dos versos,
    filigranas de sabedoria, o jade sagrado incrustado nas palavras do amigo da alma.
    #Gratidão

  2. Rita Celentano disse:

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